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Acenderam o barril de pólvora: presos do Alto Maracanã rendem investigador em tentativa de fuga

 Acenderam o barril de pólvora: presos do Alto Maracanã rendem investigador em tentativa de fuga

22/05/2013

A omissão do estado quanto à precariedade estrutural das delegacias de polícia acendeu, para valer, o barril de pólvora conectado ao grave problema do sistema prisional no Paraná. Depois da ação de regate de presos na delegacia de Pinhais, outro caso de tentativa de fuga revelou a fragilidade do modelo de segurança prisional adotado pelo governo. Desta vez, o episódio ocorreu na delegacia de polícia do Alto Maracanã, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.

Na última quinta-feira, por volta das 23h30, presos renderam o investigador Renaud, em pleno plantão, quando ele transferia um detento de uma cela para outra da delegacia. Nesse momento, o preso Anderson Diego Santana agarrou o policial e tomou-lhe a arma. O investigador permaneceu sob às ameaças de outros detentos, que o mantiveram refém com um objeto pontiagudo pressionado contra o pescoço. Mesmo vulnerável e em situação de risco eminente, o policial, em um ato heroico, mas arriscado, iniciou combate com os detentos na tentativa de libertar-se.

 Foi quando o colega de plantão José Paulo percebeu o incidente, sacou uma  escopeta calibre 12 e atirou na parede para alertar os presos, atingindo um banner com o emblema da Polícia Civil. O disparo não serviu de aviso, pois os presos não largaram o policial refém e seguiram com o embate corporal. O confronto seguiu quando Anderson derrubou o revólver da vítima e o outro investigador atirou contra ele. Outros dois presos, identificados como Elvis Jonata Cândido Maciel e Felipe Ribeiro Galvão, também foram baleados. O policial  Renaud, que era mantido refém ,foi resgatado ileso e o motim, contido. Anderson foi encaminhado ao Hospital Evangélico e Felipe ao Hospital Cajuru. Elvis, depois de medicado, voltou à carceragem.

 A cela na delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, com capacidade para 10 pessoas, abriga hoje 45 presos provisórios e definitivos, demonstrando, mais uma vez, o problema da superlotação das carceragens das delegacias de polícia.

 O caso também revela o aspecto irregular de desvio de função dos policiais, ao trabalharem como "zeladores" de presos, e a precariedade da situação.  Já no Hospital, após o incidente, um dos presos, baleado na tentativa de fuga, revelou o motivo para ação: "Não aguentamos mais a situação. Não conseguimos respirar direito dentro da cela, está muito lotado, é muito calor. Não precisamos nem tomar banho de tanto suor. Foi uma questão de sobrevivência", disse.

Esse é o cenário das delegacias de polícia do Paraná, que viraram verdadeiras "Masmorras Medievais". Elas colocam em risco a vida de policiais, em pleno desvio de função, mas também castigam severamente os presos, provisórios ou definitivos, em celas superlotadas, sufocantes, que oferecem graves riscos à saúde, contrariando várias premissas de direitos humanos.

 

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