Oriundo de uma família de dentistas e professores, Alexandre Macorim de Lima, é o único policial entre os três filhos. Nascido em Porecatu, tem 42 anos, é casado e pai de duas meninas, de 10 e 09 anos. Ingressou na Polícia Civil aos 23 anos de idade tendo como sua primeira lotação a cidade de Barracão, onde ficou por três anos. Após trabalhar no Ministério Público, tornou-se policial em 1994, quando obteve apoio incondicional de seus familiares. Seu pai, tem tanto orgulho da profissão que conta até para o entregador de pizza que tem um filho delegado.
Abaixo a entrevista:
Sabemos que o senhor já havia chefiado a SDP de Foz do Iguaçu. O senhor achou positivo o retorno? Pretende mudar as estratégias que tinha anteriormente?
Acho que a volta em qualquer delegacia sempre é mais difícil porque cria um parâmetro, expectativas e idéias pré concebidas. Mas gosto de desafios e estou muito feliz, fui muito bem recebido e tenho aprendido a lutar contra um defeito que considero ter, que é o da beligerância, falo o que penso e arrumo confusão facilmente. Prometi à minha família que não iria brigar mais com amigos por causa do trabalho e tenho conseguido.
O Delegado Chefe da DPI visa a implementação de um Plano de Gestão Estratégica nas delegacias do interior. Como o conceito de estratégia está relacionado diretamente com visão de futuro, o que o senhor pode nos dizer, sobre os planos para o futuro na Subdivisão de Foz do Iguaçu?
Temos muitos planos, tanto na capacitação continua como na área operacional, dentre eles a criação de um grupo específico no combate ao micro tráfico e integracão com o DENARC e outras instituições. Para médio prazo pretendemos criar uma delegacia especializada no combate ao furto e roubo de veículos em Foz. Meu trabalho foi facilitado porque em Foz essa implementação estratégica já ocorria.
Na visão do senhor, qual a relação entre a Polícia Civil de Foz do Iguaçu e a população?
Cada vez melhor, temos recebidos muitos elogios pelo trabalho de atendimento ao público desenvolvido na última gestão, bem como pelos casos solucionados recentemente e pela postura dos novos agentes no trabalho com a comunidade.
O senhor pode nos falar sobre o tema DESAFIOS em sua vida profissional e pessoal?
A vida seria imensamente chata se não houvessem desafios, pessoalmente sou atraído por desafios - entenda-se por desafio uma situação em que somos compelidos a relutar diante de uma situação - temos então duas saídas: sair da zona de conforto e arriscar ou, simplesmente, deixar tudo como esta. Quer um exemplo? O Dr. Rogério promove atualmente várias mudanças à frente da DPI, saiu do lugar comum e com isso mexeu na zona de conforto de vários delegados. Nem todo mundo pensa da mesma forma, existem resistências a quaisquer mudanças, mas elas estão a caminho e tenho certeza que tem sido desafiador pra ele e se assim procedeu e porque acredita em suas idéias e nos resultados que virão.
Doutor, quando falamos em prioridade no trabalho policial, o que o senhor pode nos dizer?
Confesso que tenho mudado minha concepção a respeito do que é prioridade no trabalho específico da polícia judiciária. Anteriormente acreditava que nossa missão era a de solucionar delitos e que isso era a prioridade absoluta, no entanto, aprendi que negligenciando outras atividades inerentes ao nosso trabalho como o próprio inquérito policial, o aspecto físico do prédio e o atendimento ao público, faz com que nossa imagem seja afetada de forma negativa. O fato de solucionar ou não um crime, está muitas vezes fora de nosso alcance, mas os outros fatores que mencionei não, podemos melhorar todo dia. Fiz um curso e aprendi sobre filosofia oriental denominada, salvo engano, KAI ZEN, que nada mais é do que melhorar um pouquinho todos os dias, então hoje tento aplicar na minha vida pessoal e profissional.
Qual avaliação o senhor faz sobre o empenho e o compromisso da equipe de policiais desta Subdivisão?
Excelente, estou sendo sincero, absolutamente sincero, considero acima do nível o comprometimento tanto dos mais experientes como dos novatos. Comprometimento assim só tinha presenciado no COPE onde os policiais são apaixonados pela sua unidade.
Em sua opinião, de que forma o delegado de polícia pode contribuir para enfrentar as dificuldades encontradas atualmente em uma delegacia de Polícia?
Olha, eu tenho visto que a Polícia Civil atravessa uma fase de transição, que começa com o ingresso dos policiais com curso superior, que os tornam mais contestadores do status quo, alguns acham isso bom e outros acham isso ruim. Minha opinião é que justamente nesta transição, está a importância do delegado de polícia como gestor de uma Unidade Policial, é aí que ele vai mostrar se tem "café no bule", se tem conteúdo, porque são duas formas de lidar e mais ainda de homogenizar uma delegacia de polícia com perfis tao diferentes, se o gestor conseguir colocar em nível satisfatório uniformidades de procedimentos (atendimento, aparência) sem perder qualidade e percentualidade na resolução de delitos, aí estará um bom profissional.
Como o senhor classifica a carreira de Delegado de Polícia?
Ingrata, mas ao mesmo tempo viciante. O Delegado tem que ser operador do direito e ao mesmo tempo investigador, tem que conversar com o prefeito e um minuto depois atender uma pessoa humilde, tem que ser gerente de RH e também um psicólogo. Onde em outra profissão existe isso? Nenhuma! Isso que eu falei se aplica mais ao interior do que na Capital, sem querer causar polêmica.
O que o senhor pode nos dizer sobre a violência, em termos gerais?
Em termos gerais seria muita coisa pra discorrer, mas acho que a banalização da violência não pode nunca causar insensibilidade ao policial, o bom servidor não pode jamais perder sua capacidade de indignação contra ela em qualquer nível. Nada é pior do que um policial se mostrar insensível diante de uma vítima. É triste quando um investigador, delegado ou escrivão, perde sua capacidade de inconformismo diante de uma injustiça. Ele perde o brilho no olhar, perde o rumo de sua profissão, acho até que perde o amor pela vida.
A visão que o senhor tinha da Polícia civil antes de ingressar em seu quadro funcional, mudou nos dias atuais? Mudou em que?
Eu entrei na polícia porque conheci o Dr. Márcio Amaro em início de carreira. Como falei, eu trabalhava no Ministério Público e vi na pessoa do Márcio, que considero um amigo, que o delegado pode ser um operador do direito e ao mesmo tempo não ficar preso à rotina de um gabinete. Antes disso a imagem que eu fazia era aquela retratada em televisão, de uma polícia truculenta, delegados mal humorados e tudo o mais. Hoje vejo que a velocidade da mudança (pra melhor) tem sido maior do que aquele ritmo de quando ingressei há dezenove anos atrás e que a imagem da polícia vai ser resgatada brevemente.
Sabemos que o senhor já chefiou o COPE em Curitiba. O que o senhor poderia nos falar sobre o tempo em que fez parte desta equipe?
Chefiar o COPE foi a maior honra da minha vida, foi uma experiência incrível e me lembro de cada minuto que passei lá, com policiais honrados e que defendem a camisa da polícia civil. Tive momentos inesquecíveis e dificuldades também, principalmente por ter vindo do interior e nunca ter trabalhado na Capital antes, aprendi mais do que ensinei, sem dúvidas. Agradeço a Deus e ao Micheloto pela oportunidade de ir pra lá, só trabalhando no COPE para se ter noção da importância dessa Unidade para Polícia Civil do Paraná.
O senhor acredita em vocação policial?
Ela existe, mas sinceramente já dei mais importância pra isso. Com a experiência, aprendi que na polícia não existe apenas o trabalho investigativo, a polícia é muito mais do que isso. Pessoas interessadas e comprometidas conseguem contribuir para o sucesso da unidade e, compete ao delegado, como gestor, colocar cada profissional no setor que é mais produtivo, bem como o de torná-lo um servidor motivado.
O senhor poderia deixar uma mensagem aos policiais civis do Paraná?
Que honrem a camisa da Instituição e que se capacitem em todas as oportunidades que puderem. Gosto de um ditado árabe que diz: "aquele que estuda e não coloca em prática o que aprendeu é como o semeador que plante e não colhe".
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