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DECADÊNCIA

DECADÊNCIA

22/04/2013

 

É com imenso pesar que trazemos a público as deprimentes condições às quais estão submetidos os alunos do atual curso de formação de Investigadores na Escola Superior de Polícia Civil.

Primeiramente, os alunos só agora freqüentam o curso que CAPACITA  para o exercício das funções policiais, muito embora estivessem nas delegacias atuando em todas as instâncias do serviço policial cotidiano: participando de operações, cumprimento de mandados de busca e prisão, atendimento a locais de crime contra a vida, prisões em flagrante, atendimento ao público e sobretudo atuando no desvio de função mais nefasto para a polícia e a sociedade, que é a guarda de presos.

Alegarão, provavelmente, que houve o curso de capacitação para uso de armas, o chamado “Express”, um curso com duração de uma semana ofertado aos policiais novos para que possam portar arma. Posteriormente, é ofertado o curso de Operações Policiais, também de duração exígua, muito embora com um capacitadíssimo corpo docente.

Ora... se somos Investigadores de Polícia, nossa função é a de... investigar! Por que então os organizadores do curso de formação entendem que basta simplesmente dar ao policial uma arma e fazê-lo disparar algumas vezes para que então se possa colocá-lo à disposição das delegacias, como se estivesse completamente apto ao trabalho policial?

Um médico opera antes de freqüentar aulas de medicina?

É facultado a alguém o exercício da advocacia antes de obter a formação completa em direito?

Por que então um Investigador, cujas ações profissionais se abatem sobre os bens mais caros às pessoas, quais sejam, a vida e a liberdade, podem prescindir de uma formação completa antes de exercer suas funções?

Mas voltemos à ESPC: até há poucas semanas, os alunos em formação estavam tendo aulas em um período do dia e retornando às unidades policiais para trabalhar... inevitável a questão: A ESPC estava apenas “cumprindo tabela” ou os policiais novos estavam “tapando buraco” nas delegacias, que padecem cronicamente de falta de pessoal?

Os alunos reuniram-se com a diretoria e peticionaram para que as aulas se dessem em período integral, bem como pediram para que ficassem à total disposição da ESPC, visando a um tempo o melhor aproveitamento e a celeridade na sua formação definitiva.

A Diretoria aquiesceu, mas sob a condição de que não requereriam fornecimento de alimentação!!!

Vejam: os alunos devem passar o dia inteiro dentro de uma instituição de ensino Superior , que recebe verbas do Estado, que dispõe de um bom refeitório, mas ainda assim devem custear a própria alimentação.

Na última turma da Polícia Militar isso não aconteceu, para citar um exemplo.

Só no ano de 2013 a ESPC recebeu verbas que totalizaram o valor de R$1.500.000,00 segundo consta da Lei 17.398/2012. Obtivemos tal informação através do Portal da Transparência do Governo do Estado, onde, diante da questão

“Como deve se dar o gasto dos recursos? Em que serviços e/ou bens podem ser aplicados os recursos?” , nos foi respondido:

"A LISTA DE RUBRICAS É EXTENSA E OS RECURSOS SÃO UTILIZADOS QUANDO DAS NECESSIDADES ESPECÍFICAS DURANTE E PARA OS CURSOS DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO"

Quais serão as necessidades específicas dos cursos de formação que abocanham todo o dinheiro a ponto de não haver recursos para algo tão essencial quanto a alimentação dos alunos?

Ressalte-se, ainda, que há outros aspectos que tornam sofrível a situação da ESPC. De acordo com os alunos, é comum até mesmo a falta de papel higiênico nos banheiros e a grama do local onde se realizam treinamentos está virando mato já... a que se deve essa falta de zelo?

É especialmente doloroso verificar que houve uma INVOLUÇÃO evidente na estrutura dos cursos de formação. Apenas como elemento de comparação, reportemo-nos ao ano de 2000, quando houve uma grande turma de Investigadores em formação, quando a escola ainda não era superior, quando o ingresso na carreira exigia apenas o ensino médio: o curso era ministrado como um todo, as aulas de cunho teórico bem como as disciplinas práticas eram ministradas concomitantemente, durante um período de pouco mais de quatro meses.

A formação não era fragmentada, o policial saía do curso com formação completa: aulas de direito, aulas de investigação policial, capacitação para o uso de arma de fogo, operações policiais, educação física, entre outras palestras e práticas extra disciplinares.

Os alunos recebiam café da manhã, almoço e jantar, não precisavam dispender recursos com alimentação e podiam poupar um tempo precioso para descansar e estudar, em vez de ir em busca de locais onde se alimentar.

E hoje, passados 13 anos... o que temos é uma formação fragmentada e uma estrutura sucateada em que as necessidades e o bem estar dos policiais são completamente desconsiderados.

Existe uma explicação minimamente razoável para este triste declínio?

O que é que torna superior um estabelecimento de ensino? Basta inserir um “S” em sua sigla?

Governador: Olhe por nós! Sem formação de qualidade para a Polícia o PARANÁ SEGURO jamais passará de um banner!

Sipol  - Sindicato dos investigadores da Polícia Civil do Paraná.

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