Estupro, abuso sexual, pedofilia. Esses são apenas alguns dos crimes contra a dignidade sexual praticados em todo mundo. Os dados da Polícia Civil apontam que entre os anos de 2009 e 2013 houve um aumento de mais de 100% do crime, saltando de 2.383 para 5.499 em todo Estado. Os dados referentes aos meses deste ano só serão divulgados em 2015, informou a assessoria de imprensa do Estado.
Na região Oeste, que engloba as subdivisões policiais de Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo, o aumento também foi bastante considerável. Mas, diferentemente do que muitas pessoas pensam, a região da tríplice fronteira não é a regional onde há mais registros desse tipo de crimes.
Em todo Paraná, o pódio vai, no último ano, para a subdivisão de São José dos Pinhais, sendo seguida por Curitiba e Ponta Grossa. Entre as três subdivisões do Oeste, o destaque fica para Cascavel, que obteve o primeiro lugar nos últimos quatro anos. Em 2009 eram 120 registros passando para 195 em 2010; 248 registros em 2011; 236 em 2012 e 317 no ano passado.
O segundo lugar oscila entre Toledo e Foz do Iguaçu. Nos três primeiros anos pesquisados, a medalha de prata fica com Toledo, que registrou 63 casos em 2009 e 133 em 2010; já nos outros três anos seguintes, a regional contabilizou 180 casos em 2011; 168 em 2012 e 184 em 2013.
A inversão da colocação ocorreu nos últimos dois anos, quando Foz registrou 218 casos em 2013; 178 em 2012. Em 2009 foram apenas 47 casos, em 2010 foram 99 e em 2011 a subdivisão registrou 131 ocorrências.
Conforme o conselheiro tutelar de Foz do Iguaçu, Diogenes Costa, os dados baixos em Foz apontam um problema ainda maior. “Não há denúncia. Casos existem e muitos, o problema é que quando se fala em violência contra a criança, por exemplo, os próprios autores desse crime são os que seriam responsáveis por protegê-los, como pais e familiares”.
Segundo ele, a implantação do Nucri (Núcleo de Proteção a Criança e ao Adolescente) em Foz aumentou bastante as prisões e investigações. “Muitas coisas não passam pelos Conselhos Tutelares, só ficamos sabendo depois que a polícia civil já investigou, mais para fazer o acompanhamento da família ou da criança envolvida”.
De acordo com o delegado-chefe da 15ª SDP (Subdivisão Policial), Pedro Fernandes de Oliveira, a disponibilização da informação e a resposta efetiva do Estado no sentido de proteção às mulheres fez com que as denúncias aumentassem. “Entendo que o aumento seria maior ainda, se efetivamente todos os casos que acontecem nos lares viessem ao conhecimento das autoridades. Temos percebido, através de informações que nos chegam, que quando a violência, fica no campo da violência moral [xingamentos por exemplo], as pessoas, ainda, tem resolvido essas questões no ambiente familiar”.
2009
Cascavel – 120
Foz do Iguaçu - 47
Toledo – 63
Total no Paraná – 2.383
2010
Cascavel – 195
Foz do Iguaçu - 99
Toledo – 133
Total no Paraná –4.186
2011
Cascavel – 248
Foz do Iguaçu - 131
Toledo – 180
Total no Paraná – 4.647
2012
Cascavel – 236
Foz do Iguaçu - 178
Toledo – 168
Total no Paraná – 5.217
2013
Cascavel – 317
Foz do Iguaçu - 218
Toledo – 184
Total no Paraná – 5.499
Um alerta - Dentre os sinais que podem identificar que uma criança ou adolescente foi vítima de violência sexual destacam-se: roupas íntimas rasgadas e/ou com manchas de sangue; queixas de dor e/ou dificuldades para caminhar; doenças sexualmente transmissíveis; perda da fala; distúrbios do sono, como agitação, terror noturno ou pesadelos; xixi na roupa ou na cama após os sete anos de idade ou quando não há nenhum problema físico visível; distúrbios da alimentação, como falta de apetite ou excesso de peso devido alimentação desregrada; dificuldades de concentração na escola e baixo rendimento escolar; poucas relações de amizade; comportamento agressivo, autodestrutivo, tímido, submisso ou retraído; tristeza constante, choro frequente e pensamentos suicidas; estado de alerta permanente, com receio de que algo ruim aconteça; medo de ficar só ou em companhia de determinada pessoa e fugas de casa. (Por Tissiane Merlak / Portal de noticias O Paraná)