Segunda-feira, 05/08/2013
Ufa! Dia 12 de julho concluí o Curso de Investigador na Escola “Superior” de Polícia Civil. Agora sou po-li-ci-al, a vagabundada está com os dias contados, polícia pá c... Calma, não é bem assim. Na verdade absorvi muito pouco conhecimento, quase nada.
Muito mais que uma alegria pela conclusão, um alívio. Sim, o Curso para mim, e para muitos, foi torturante. Uma bosta de Curso. A única coisa boa que tirei daquilo tudo foram as amizades, só.
Vou te esclarecer melhor, vamos aos fatos.
Falando em bosta Um dia estourou o cano de água dos Vestiários dos Alunos (duas privadas para 5 turmas de Investigadores e mais as turmas de Papiloscopistas e Escrivães), e fomos impedidos de usar o banheiro dos professores. Acredite isso aconteceu! Esse fato não surpreende em nada, já que a estrutura da ESPC é podre. Tudo sujo, velho e caindo aos pedaços.
Por curiosidade fui visitar a sede do BPM que fica ao lado da ESPC. Quanta diferença! Digam o que quiserem da Polícia Militar, mas eles têm vergonha na cara e orgulho da farda, ao contrário dos chefes da ESPC. Eles têm grama cortada; nós, matagal.
Os chefinhos também poderiam copiar o que vêm acontecendo na GMC. O que era a GMC há 10 anos? Nós temos 150 anos e estamos muito atrás da GMC, mas muito atrás. Hoje ninguém pode dizer que eles não são polícia. É só ver o que a população pensa deles e o que pensa de nós.
Outro dia os alunos foram “convidados”, sob pena de represália, é lógico, a assistirem um Debate na Sede da OAB sobre a PEC 37. Se os alunos não fossem àquele Circo montado pelos Dotô aquele auditório iria ficar quase vazio. Um funcionário da ESPC aconselhou: “–É melhor vocês irem, esse povo é vingativo!”. Convencido pela razão!
Esses fatos são coisas pequenas, muito pequenas comparadas ao Ensino dado. Ensino... Bom, que posso dizer?! Quase nada do “ensino” (assim mesmo em letra minúscula), presta para alguma coisa, encheram o Curso de palestras inúteis que não acrescentam nada de coisa alguma. Em grande parte do tempo usava a carteira de travesseiro, uma vez cheguei a roncar no auditório.
Eu fiquei muito preocupado ao ouvir o conselho de um policial antigo:” Cara, infelizmente você vai ter que aprender as coisas fazendo burrada e dependendo da burrada você pode ir pra rua”.
Não pense que sou um vadio e que não estou nem aí para a Polícia, muito pelo contrário, a polícia está no meu coração muito mais que esses hipócritas que estão na Chefia. Quando matam um policial, seja de que Força for, dói muito porque um irmão meu morreu.
Isso tudo deixa bem claro que estão cagando e andando para os futuros policiais, querem que a gente cuide de preso, só isso.
Ainda poderia comentar sobre a falta de comida, uniformes, professores interessados e o tratamento estúpido a que fomos submetidos (parecia que estávamos na pré-escola), mas teria de escrever um texto bem mais longo e hoje não estou com paciência, a patroa já está reclamando.
Pontes de Miranda, célebre jurista e conhecedor dos bastidores do Poder disse a respeito do Judiciário paranaense: “existe a Justiça e a Justiça do Paraná”. O que será que diria se conhecesse a Polícia Civil do Paraná?
Ainda ontem, a Gazeta do Povo colocou em sua matéria de primeira página o fiasco das estatísticas quanto à resolução de homicídios, mas afirmo que esqueceu uma das causas principais disso tudo: a formação dos policiais civis, falha no início da carreira e que simplesmente não ocorre ao longo dela.
Como pode haver Paraná Seguro de fato sem policiais valorizados e bem formados, preparados para servir e proteger realmente?
Ex-Aluno Indignado
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