Em seu plano de governo para o mandato 2011-2014, o então candidato ao governo do Estado, Beto Richa, colocou como meta a construção de modernos presídios industriais e a criação de 6.000 vagas no sistema penitenciário.
Bem... passados 3 anos de mandato, com a ocorrência de inúmeras fugas nas cadeias improvisadas em delegacias, a ocorrência de policiais feridos e mortos em franco desvio de função, além de uma população apavorada com a ameaça permanente à sua segurança, bem como a indignação de familiares de presos que são mantidos nas delegacias em condições totalmente ilegais com a inobservância total da Lei de Execuções Penais, eis que até o momento não se assentou um único tijolo na construção dos tais “Presídios Industriais”. Não se criaram vagas no sistema penitenciário, as celas em delegacias continuam abarrotadas, os policiais civis continuam sem investigar por que precisam cuidar de presos, etc. Enfim, tudo como dantes no quartel de Abrantes.
E há outra coisa que não mudou: continuam pensando que somos estúpidos e que “compramos” as falácias que o governo publiciza, sem o menor constrangimento, com fins puramente eleitoreiros (é, amigos... a eleição ta aí, a popularidade não ta lá “aquelas coisas” e a água ta batendo no pescoço...). Um dos maiores engodos que o governo tenta empurrar goela abaixo da população e dos servidores é a tal da “guarda compartilhada”, alegando estatisticamente um número expressivo de presos que estariam sob guarda de ambas as secretarias, SEJU e SESP (6.483). Realmente, planilhas no Excel admitem qualquer coisa, não é mesmo?
Ora, senhores... quem cuida de preso sabe que efetivamente essa é uma medida meramente paliativa, cuja única função é maquiar – e bem mal maquiado – as verdadeiras aberrações que acontecem nas masmorras em delegacias de polícia:
Presos amontoados, sem espaço para dar um passo para qualquer lado, em cubículos fétidos onde comem e evacuam no mesmo espaço, sem acesso a banho.
Construções velhas, remendadas, improvisadas, com precaríssimas condições de segurança onde faltam até mesmo câmeras e alarmes.
Policiais que não tem o dever nem a competência, tampouco a capacitação para a guarda de presos, incumbidos no entanto de fazê-lo.
Os auxiliares de carceragem PSS contratados pela SEJU ficam nas unidades lidando com os presos, mas a carga do policial civil permanece: tem que ficar “preso” ao plantão, atrelado à cadeia e na ocorrência de fugas e rebeliões, é sempre o primeiro a ser responsabilizado. De que adianta essa medida estapafúrdia se o Investigador continua sem poder investigar os crimes que acometem a sociedade paranaense diuturnamente? Como podemos observar, é coisa pra inglês ver, é nos dar nariz de palhaço.
Quem de nós se convence com esse discurso falastrão? Será que pensam que somos trouxas, que não sabemos avaliar o que nós próprios estamos vivendo?
Aliás, uma perguntinha: se a SEJU nos manda “auxiliares” de carceragem, então quem são os carcereiros? Hahahahahahaha
Mas há algo ainda mais difícil de engolir que o fato de políticos tentarem nos usar para correr atrás do prejuízo das promessas de campanha não cumpridas: é quando entre nós mesmos tentam blindar o único responsável por essa desgraça que acomete a Polícia Civil do Paraná, o SENHOR GOVERNADOR CARLOS ALBERTO RICHA.
Secretários de Estado fazem sozinhos as políticas de governo? Não, evidentemente. Supor tal coisa é como supor que o responsável pela escravidão era o capitão do mato e não o Senhor de Engenho...
Queríamos dizer que nos espanta essa “blindagem”, essa tentativa de transformar o governador num mero espectador bem intencionado e não considerá-lo como o que ele É: o chefe do poder Executivo, aquele a quem elegemos sob promessas de tornar racional e eficiente a gestão da questão penitenciária. Mas não, infelizmente não estamos espantados.
E agora, vai prometer de novo os presídios industriais na campanha vindoura? Como tentará nos convencer que fez o que não fez ou que agora fará o que não fez em tempo hábil? Vai culpar quem pela própria inoperância?
GOVERNADOR: o senhor é o responsável pela tragédia que são as carceragens em delegacias e por todas as mazelas deste sistema que hoje é uma terra de ninguém e no qual os servidores são punidos.
E quem dentre nós tenta blindá-lo, é traidor.