“Quando erram nós não os perdoamos, somos frequentemente implacáveis com eles, até que num fim de semana qualquer, vislumbramos o que seria de nós sem a polícia.
Eles são a linha de frente da democracia, para além de manter a ordem sua função é garantir a nossa liberdade.
Há coisas que consideramos certas como o ar que se respira, e que só valorizamos quando a perdemos (...) como a saúde a liberdade e a vida.
É fácil criticá-los (...) são eles que morrem por nós...
Policiais civis, militares (...) vivem e morrem para nos guardar (...) homens e mulheres que por tão pouco soldo protegem algo muito frágil...delicado...a constituição do Brasil.
Sua principal arma não é de fogo nem branca, é letra...palavra...em nome da lei”.
Diante de tantas críticas apaixonadas, maniqueístas e extremamente tendenciosas, muitas delas embaladas casuisticamente por razões meramente temporais, poderia parecer que os policiais estivessem fracos e cansados, ledo engano, o processo depurativo a que são submetidos constantemente desde a instalação do Estado Democrático de Direito em 1988, só os tem fortalecido, e a cada novo “golpe” a percepção de que o caminho está mais claro e o rumo ainda mais seguro.
Na verdade a polícia deve agradecer a todos os seus “algozes” pois são eles também (embora não seja esse o objetivo) que a tem fortalecido como a têmpera que torna o aço quase indestrutível.
Como longa manus da ditadura, a polícia realizava o “trabalho sujo” para o Estado, do seu comportamento acobertado pelo manto da legalidade positiva, se beneficiou todo séquito institucional, econômico e outros. A mediocridade e a vilania mancharam todas as mãos, mas foi só a polícia que vergou o ônus do preconceito e da discriminação que ainda hoje experimenta.
Dizem que se ela investigar, o Brasil vai tornar-se a terra da corrupção, quanta ingenuidade, o Brasil já é um dos países mais corruptos do mundo, a corrupção só vai diminuir significativamente quando os demais índices como educação, saúde, cultura e lucidez, forem equivalentes aos da Finlândia, a corrupção não arrefece com uma lei, mas através de um processo cultural do qual faz parte no mesmo trote a expurgação da hipocrisia, esta tão perversa quanto a corrupção mais censurável.
Esse insofismável preconceito que atinge a polícia (inclusive nos meios acadêmicos) contribui deleteriamente para o enfraquecimento do Estado, cada vez que ela é desrespeitada e tiranizada em juízos levianos e afoitos, a sociedade dá um passo a mais rumo ao caos iminente, as palavras de Pedro Bial (trecho inicial entre aspas) embaladas sob o signo melancólico da desdita, não deixam dúvidas dessa irrefutável assertiva.
A polícia deve ser cobrada às últimas consequências na realização do seu mister com eficiência e eficácia, deve-se exigir dela que aja com firmeza e extrema legalidade, tratando todos os cidadãos com o devido respeito e a gentileza só digna das grandes instituições.
Isso enseja o rumo contínuo da qualidade e profissionalismo, porém, não interessa à marginalidade uma polícia com tais predicados.
E nessa luta onde não há fuga e nem folga, a polícia abraça causas, não abraça o homem, e abraça o homem por amor às causas.
Rogério Antonio Lopes é delegado chefe da 6.ª SDP de Foz do Iguaçu