Segunda-feira, 15/07/2013
Amigos Investigadores, dado o momento delicado pelo qual passa a instituição policial civil no Estado do Paraná no que tange à credibilidade de seus métodos, faz-se urgente uma reflexão a respeito de nossos hábitos profissionais, pois na medida em que deixarmos de fazê-lo, estaremos concorrendo para nossa própria derrocada como força de segurança pública.
Vejamos: é consenso dentro de nossa categoria que a valorização profissional que pretendemos só será possível mediante a consciência de que devemos ser uma polícia de Estado e não de governo. Ou seja, precisamos afirmar nossa autonomia, nossa independência frente aos meandros da política, pois do contrário não passaremos de capangas a serviço de um senhor. E não importa quem seja esse senhor, nem tampouco suas intenções, pois estaremos traindo nossa insígnia, nossa brasão, nosso povo, na exata medida em que não assimilarmos que é para servir e proteger a este povo que nós existimos. Essa é toda a razão de nossa existência.
Nosso "patrão" é o povo do Paraná, gente. Somos um instrumento do Estado Democrático de Direito, não temos que "fazer o bacana" com ninguém, não somos cabos eleitorais de ninguém, não temos que proteger os "amigos do rei" diante de deslize algum, muito menos perseguir seus inimigos. Sobretudo, não temos que "mostrar serviço" pro governo, mas buscar a verdade para que o povo do Paraná sinta-se cada vez mais seguro. Nós devemos isso a ele.
Mas, em que medida nós temos colaborado para atingir esse patamar de dignidade e excelência? Essa é uma pergunta que cada Investigador deve se fazer individualmente, particularmente. É imprescindível uma análise da própria conduta no dia a dia do desempenho das funções de polícia judiciária.
Você aborda catador de papel da mesma forma que aborda os ocupantes de um carro novo?
Você age com os moradores das periferias da mesma forma que age nos bairros de classe média?
Durante o cumprimento de mandados de busca você age da mesma forma no "barraco" e no condomínio de luxo?
Enfim, nas suas atividades diárias vocÊ se afirma do mesmo modo para todos os cidadãos?
Amigos, se nós queremos ser valorizados, não podemos jamais faze acepção de pessoas. Não importa quais pessoas. Firmeza, seriedade e profissionalismo são coisas que devemos a todos indistintamente.
E há outro fator preponderante para a nossa valorização como profissionais de segurança pública: precisamos afirmar, sem aceitar qualquer tipo de pressão,interferência ou "sugestões" de autoridades - policiais ou não - nem de quaisquer instâncias, os resultados das investigações que realizamos. Sim, isto é absolutamente fundamental. Somos nós que saímos a campo com a incumbência de buscar fatos que auxiliem na elucidação dos crimes, então resta que nós saímos a campo com a incumbência de buscar a verdade ... e isso demanda necessariamente um elevado grau de honestidade e compromisso profissional, posto que a verdade não se fabrica, não se compra, nem se vende.
Assim, amigos, tenhamos a consciência de que, ao aceitarmos que qualquer influência se abata sobre a busca da verdade, seja por qual motivo for, estaremos desonrando todo o significado de nossa profissão.
Não é fácil, mas polícia também não é lugar pra medroso, ao menos não idealmente. No entanto, o preço que se paga ao conspurcar os princípios republicanos tem se mostrado cada vez mais alto.
O Brasil está mudando, senhores... ou a gente acompanha ou a gente perde o bonde da história e então tudo que nos restará será a pecha de instituição arcaica, cara, pesada e ineficiente.
Então, amigos, comportemo-nos profissionalmente, pois o resultado de nosso trabalho gera efeitos diretamente sobre a vida e a liberdade das pessoas. E a sociedade cada vez mais está ciente de como cobrar de nós a postura que lhe devemos.
A fim de orientar de forma prática este debate, oferecemos como subsídio o manual do Investigador, que está no rodapé do nosso site, disponível para download. E por fim um conselho prático e que pode gerar os melhores efeitos de segurança profissional para você, Investigador: Só entregue seus relatórios mediante protocolo. Melhor ainda: encaminhe-os sempre para o e-mail institucional da autoridade policial e/ou para o e-mail da delegacia, em atenção à autoridade. Enfim, resguarde-se!
Reflitamos, colegas, por que na nossa profissão, errar nem sempre é perdoável. Pensemos antes de fazer. E digamos não quando tivermos de fazê-lo. Estejam cientes de que diante de eventuais represálias, o Sipol está aqui para lutar ao seu lado pelo seu direito de ser o policial que o povo do Paraná merece.
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