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Residências na Vila A podem ir a leilão e moradores reclamam

Residências na Vila A podem ir a leilão e moradores reclamam

01/11/2019

Moradores da Vila A formam associação para defender preços e prazos mais justos, além de um “olhar mais social” por parte de Itaipu.

A novela da venda das casas pertencentes à Itaipu Binacional na Vila A e Vila B a cada dia ganha mais um capítulo e parece que vai dar ainda muito o que falar. Possivelmente nas idas e vindas quanto a definição dos critérios para a alienação.
Diante disso, moradores daquela região decidiram criar uma associação para que pudessem dessa forma levar de forma organizada para a direção da Itaipu Binacional suas preocupações e sugestões.
A agente administrativa da Polícia Federal Jaqueline Rodrigues explica que a AMIVA – Associação dos Moradores Interessados na Aquisição das Moradias da Vila A começou com uma reunião informal entre moradores que consideraram alto os valores pedidos pela binacional. “Naquela reunião formamos a comissão e verificando alguns documentos, com representantes de cada associação e juntamos alguns casos para levar à direção da Itaipu Binacional. Nós estamos buscando que eles (Itaipu) analisem caso a caso. Existem moradores ligados às associações com bom poder aquisitivo, porém tem muitos que ganhou pouco, e àqueles que já estão com idade avançada, problemas de saúde e encontram dificuldades em conseguir um financiamento”, explica.
Entre vários situações que justificam segundo a AMIVA a análise caso a caso, estão principalmente de viúvas e idosos. “Por exemplo, tem um caso de uma senhora que é viúva de um colega nosso. Ela não recebe a pensão porque optou deixar para a mãe de nosso colega por gostar muito dela (...) Mesmo com dificuldade, ela é funcionária da prefeitura e o filho é da Polícia Militar, foram na Caixa, juntaram os salários e como ele é mais novo a Caixa aprovou, foram na Itaipu e eles não aceitaram. Mesmo ela estando com tudo certinho. Nós fomos em uma reunião, muito bem atendidos por sinal, e citamos o caso dela e outros. Apresentamos também o caso de um colega que comprou a casa e meses após a Itaipu Binacional continuou a cobrar a taxa de ocupação. Eles alegaram que não tinham sido informados”, relata Jaqueline Rodrigues.
A advogada Sônia Januário, que também integra a AMIVA, reforça que os moradores esperam que o processo de alienação das casas seja justo.
“Não queremos nada de graça. Agora a forma que está se fazendo é o que questionamos. Na última avaliação que eles soltaram um lote saiu R$ 600 o metro quadrado, ou seja, mais caro do que o metro quadrado cobrado em bons condomínios residenciais fechados”, diz.
Segundo as representantes da AMIVA, como a Itaipu Binacional veiculou que não é “imobiliária”, os moradores não entendem o fato da binacional apresentar valores que inflacionam o mercado. “Se a missão da Itaipu não é lucrar, não é imobiliária porque compactuar com a especulação financeira, imobiliária? Prejuízo eles não tem na Vila A. A Itaipu não paga IPTU, não oferece serviços públicos, porque não olhar para a responsabilidade social. Será que vão tirar idosos, pessoas com mal de parkinson, cadeirantes, das casas? Falei para eles que se fizerem isso o social da Itaipu vai todo por água abaixo “, questiona Jaqueline Rodrigues.
Sônia Januário questiona uma solução apresentada para a AMIVA pela binacional. “Estão querendo levar para leilão. Hoje tem 993 casas ainda para serem negociadas, algumas vazias. Nós da associação acreditamos, até porque conversamos com os moradores, que pelo menos a metade não terá condições de financiar e aí o que vai acontecer essa casa vai ser entregue para a Itaipu e ela vai colocar para leilão. Aí é onde vai ter uma maior especulação imobiliária, vai inflacionar. Desde que formamos a associação, recebemos inúmeras ligações perguntando se queremos vender nossas casas, aí explicamos que nós queremos na realidade é ter o direito de comprar com preço e um prazo justo. Cinco dias para falar se quer comprar ou não e sessenta dias para efetivar a compra é muito curto. O processo de se conseguir um financiamento é muito burocrático, não é rápido. Outra coisa que pedimos foi a suspensão das ordens de despejo (que já aconteceu) e também pedimos que o método de avaliação fosse revisto. Eles estão dando indicações de mudança, inclusive, que os moradores poderão juntar a renda familiar para poder comprar a casa”, finaliza a advogada.
Em contato com a assessoria de comunicação da itaipu Binacional fomos informados que nos próximos dias serão anunciadas novas ações relacionadas a retomada da venda das casas.
De acordo com o general Silva e Luna, “a Itaipu não tem interesse financeiro nesse negócio, pois esses imóveis já serviram para a sua finalidade e não há mais sentido tê-los entre os ativos da empresa”.
Essas casas foram construídas para atender aos operários e engenheiros que trabalharam no início das obras da usina. “Com o processo de desmobilização das casas, a ideia é causar o menor impacto possível aos ocupantes dos imóveis e desonerar a Itaipu de um patrimônio não mais necessário.”

Ex-Funcionários
Sendo Despejados
A moradora Roselane Aparecida da Silva, ex-funcionária do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, onde trabalhou por 13 anos, está vivendo um pesadelo. Desempregada, separada e com 3 filhos menores, ela recebeu um mandado de reintegração de posse emitido pelo Tribunal Regional do Trabalho em ação movida pela Fundação de Saúde Itaiguapy.
“Eles vão vir aqui tirar todas as minhas coisas e levar para o depósito. Eu não saio, não saio. Estão pedindo mandando sair agora, só porque as casas vão ser vendidas? Eles poderiam rever, poderiam administrativamente me deixar, mas eles não querem. Fui até conversar com o General (Joaquim Silva e Luna, diretor geral da Itaipu Binacional). Eu fui até onde sei que ele almoça, pedi licença e pedi uma ajuda. Estava desesperada. Ele falou para que eu ficasse tranquila. Me chamaram no Centro Executivo para conversar, mas não resolveram nada. Disseram que eu não poderia ficar com a casa e só poderia comprar ela quando fosse para leilão. Porque para uns pode, tem muita gente que está na mesma situação que a minha. Porque eles continuam com as casas? Eu estou aqui, tirando todas as minhas coisas e não sei para onde vou. O pai das crianças está me ajudando, mas o aluguel na região é muito caro. Meus filhos estudam aqui na região, como vou sair e o que vou fazer com meus filhos, com o estudo deles. Poderia estar trabalhando, mas quem vai cuidar dos meus filhos? Se deixo sozinhos, vem o conselho tutelar e pronto. Eles falaram que não ia ter desocupação, mas está tendo”, relata a moradora, com esperança que alguém da Itaipu Binacional ou HMCC se sensibilize.
Nossa reportagem após contato com a assessoria de imprensa do Hospital Costa Cavalcanti recebeu a seguinte nota:
“A Fundação de Saúde Itaiguapy — administradora do Hospital Ministro Costa Cavalcanti —, por meio de sua Assessoria de Comunicação Social, vem a público prestar esclarecimentos a partir da manifestação realizada pelo Jornal Primeira Linha:
1. A Itaipu Binacional cedeu imóveis residenciais para o Hospital Ministro Costa Cavalcanti, por meio de comodato, que por sua vez disponibiliza aos seus funcionários por meio de contrato de locação.
2. Como o contrato da casa é vinculado ao contrato de trabalho dos colaboradores, a partir do momento que um funcionário se desliga da Fundação, a residência precisa ser devolvida.
3. A Sra Roselane Aparecida da Silva, desde 19 de abril de 2016, não faz mais parte do corpo funcional desta Instituição. A residência deveria ter sido devolvida, mas como isso não ocorreu
até o dia 30 de junho de 2016, o Hospital buscou na justiça uma solução, ajuizando uma ação em 24 de novembro do mesmo ano.
4. No dia 22/05/2017 foi expedida uma sentença pelo Juiz da Vara do Trabalho, determinando a devolução do imóvel a Fundação Itaiguapy, no prazo de 30 dias. O que está ocorrendo agora é a execução da determinação judicial”, assina a Assessoria de Comunicação Social da

Fundação de Saúde Itaiguapy
Conversamos com assessoria de comunicação da Itaipu Binacional e nos foi passado que a binacional possui contrato com a Fundação de Saúde Itaiguapy para a cessão de uso das casas e cabe à Fundação o estabelecimentos dos critérios da referida cessão. No caso, o uso exclusivamente por funcionários da entidade.

Fonte: Roberto Mafra

https://www.primeiralinha.com.br/home2/folha_noticias.php?cod_edicao=623&cod_noticia=12605

 


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