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Sem ascensão, policiais civis são discriminados dentro da profissão

Sem ascensão, policiais civis são discriminados dentro da profissão

30/07/2013

Sistema injusto prejudica os operacionais como investigadores, escrivães, papiloscopistas, agente de telecomunicações entre outros.

O Departamento de Polícia Federal, quase desconhecido nos anos 70, hoje se apresenta bem estruturado. Seus membros recebem vencimentos à altura de suas responsabilidades. Além disto, o sucesso de suas operações faz com que uma quantidade cada vez maior de jovens sonha em entrar nos seus quadros. Os concursos são sérios e disputadíssimos.

Já na Polícia Civil os delegados de polícia são de uma classe diferenciada dentro da mesma corporação. Os escrivães, investigadores são outra. É um sistema complexo, que não tem a equidade existente na polícia de outros países. Na Polícia Civil não há mudanças na carreira para os profissionais operacionais. Não há ascensão, não há valorização profissional, não há salários condizentes ao trabalho exercido.

Isso causa reflexos na alta estima do profissional de segurança pública, refletindo em pouca eficiência com possibilidade e margens à corrupção, tornando o policial desmotivado, despreparado e sem perspectiva institucional, partindo desse pressuposto: “Como pode atender bem se não se sente bem”?

Operacionais esquecidos - Investigadores de polícia, escrivães, papiloscopistas, agente de telecomunicações entre outros (os operacionais) não tem como ascender profissionalmente. Após 20 anos ou mais na função o seio policial civil, continuará com a mesma atribuição e atividade. O que se deseja não é a transformação da polícia civil em outra coisa, e sim o seu aprimoramento institucional e de seus profissionais para um melhor atendimento.

Melhorar a qualificação do policial é melhorar a polícia, em todos os aspectos, inclusive humano e social. Imaginemos hipoteticamente, um delegado e outro servidor policial de carreira estritamente operacional. Os dois ingressam no serviço público no mesmo dia e coincidentemente trabalham juntos em um plantão policial, após três anos, se finda o estágio probatório, separam-se.

Após 10 anos de serviço público se encontram novamente: o operacional está no plantão e o delegado virou delegado adjunto - essa assistência lhe dá direito a acréscimos sobre o salário que poderão ser incorporados após certo tempo na função.

Após 15 anos se encontram novamente, o delegado agora é titular da delegacia, acrescentam-se mais sobre seu subsídio. O policial operacional ainda está no plantão, juntamente com outros servidores mais novos.

Comparativo - A sequência lógica dos fatos pode ser alterada por motivos de interesse organizacional podendo o delegado ser elevado a postos de comando mais altos como: delegado divisional, diretor de departamento, adjunto da delegacia geral, bem como delegado geral da polícia civil.

Enquanto ao policial operacional, poderá ser mantido no plantão, como também remanejado para outras delegacias ou departamentos, mas nunca para ele haverá ascensão profissional, no máximo um cargo de chefia por bajulação, de livre nomeação e exoneração, bastando não ter afinidade com quem lhe confiou o posto, para até retornar ao plantão mesmo com mais de 30 anos de trabalho e experiência profissional ilibada.

Delegado “cai para cima” - No meio policial diz-se que um delegado “caiu” quando não tem eficiência e boa gestão ou não atende mais aos interesses daqueles que lhe ascenderam ao cargo de confiança, como também é transferido para outra delegacia ou setor deficitário pelo serviço que fez anteriormente, é prêmio pela produtividade e eficiência.

O delegado de polícia “cai para cima”. Após certo tempo na carreira e chegada a certo patamar profissional o delegado não trabalha em plantões policiais, bem como não pode ser rebaixado a postos sem relevância, fica na plaga burocrática chamado no jargão policial de "NASA” faz trabalhos administrativos até outro momento adequado, onde as correntes outrora desfavoráveis a sua pessoa passarão.

Poderá ser designado para outra delegacia ou outro departamento, nunca aquém de seu antigo posto, já o servidor investigador de polícia... Esse se encontra sem ascensão profissional, no fim de carreira talvez até no meio encontra-se desmotivado e financeiramente desiludido, em alguns casos procurou outra profissão e em outros se deixou levar pela tentação e cumprem pena, outros ainda tentam contribuir com o estado, autoaprimorando seus conhecimentos e aplicando-os no dia a dia como professor de base e afins.

Não se admite que, em uma época onde os fatos e a técnica se alteram em incrível velocidade, permaneçam os policiais com os mesmos conhecimentos da época em que prestaram concurso. E muito menos que prevaleça a velha mentalidade de que a polícia precisa trabalhar e não estudar.

Como amenizar isso? Quando abrirem vagas para concurso de delegado basta reservar uma certa porcentagem tipo sistema de cotas para esses policiais bacharéis em direito que se fará justiça.  É preciso resgatar o orgulho de ser policial. A atividade é difícil, perigosa e pouco reconhecida. Sentindo-se abandonados, a tendência dos policiais é acomodar-se.

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