A constatação faz parte de um estudo, denominado como “Epidemiologia de Afogamento: Estado e Políticas Públicas no Paraná”, desenvolvido naUnioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), publicado em uma revista na Alemanha, e faz parte de uma dissertação de mestrado do capitão Antônio Schinda, do Corpo de Bombeiros.
O trabalho foi produzido com dados registrados no Estado pelo Corpo de Bombeiros de 2008 a 2012 e 650 casos foram analisados, especificamente, para traçar o perfil do afogado. A dissertação mostra que 92% dos afogamentos no Estado ocorrem em água doce. Das mortes, 47% ocorrem nos fins de semana. Dos locais, 54% das mortes ocorrem nos rios e 30% nas represas, lagoas e açudes;
Das vítimas, 90% são homens, com predomínio de jovens, sendo que as principais atividades em que estas tragédias ocorrem são o banho e a natação: 49% dos casos. Segundo o estudo, 15% dos casos de afogamento estão relacionados com atividade de pescaria, tendo como principal causa a queda das vítimas na água.
No Paraná, de 2008 a 2012 ocorreram 48 casos fatais de afogamento em piscinas e banheiras. Dos mortos, 23% eram crianças de um a quatro anos.
“O afogamento é um problema de difícil solução. Todos os anos ocorrem muitas mortes no Estado e a maioria em locais isolados. O afogamento, normalmente, é rápido e a falta de habilidade da vítima aumenta os riscos. O verão é estação do ano em que mais ocorrem mortes deste tipo”, analisa Schinda.
Dos casos analisados, 97 ocorreram em dezembro, 99 em janeiro e 91 em fevereiro. No inverno, o número caiu drasticamente: 19 casos em junho e 24 em julho.
Segundo ele, o número de ocorrências permanece alto porque os banhistas ou não conhecem os riscos ou os desafiam. Para combater esses casos, os bombeiros fazem treinamentos constantes para salvamento das vítimas. “Você está pescando no Rio Paraná, sem nenhuma segurança. Bebeu um pouco, se desequilibra, cai na água e não sabe nadar. A bebida também é um fator que está relacionado a essas mortes, principalmente no fim do ano. Em média, 36% dos afogamentos estão ligados ao uso de álcool”, afirma o estudioso.
CASOS OCORREM EM CIDADES QUE NÃO TÊM ESCOLAS DE NATAÇÃO
De acordo com estudo produzido pelo capitão Antônio Schinda, do Corpo de Bombeiros, ficou comprovado que a atividade predominante das mortes por afogamento no Paraná é banho ou natação. A maioria das mortes no período de 2010 a 2012 ocorreu em cidades pequenas, onde praticamente não existem escolas de natação. “Nas cidades que possuem essas escolas, o acesso à modalidade é restrito a quem tem maior poder aquisitivo. Desta forma, entende-se que a maioria das pessoas que frequentam rios, represas, cavas, açudes, lagoas ou baías, não sabe nadar, tecnicamente”, reforça o capitão.
Quanto aos afogamentos por atividade, segundo o estudo, 322 casos ocorrem em atividade de banho ou natação e 101 em pescaria, de um total de 650 casos analisados.
Com relação aos ambientes dos afogamentos, dos 650 casos, 258 ocorreram em correntezas de rios e 120 em represas. De acordo com o estudo, as mais prováveis causas dos afogamentos são, respectivamente: problemas na natação, em 192 dos casos; queda em buraco, 119 casos; e queda na água, com 104 casos. “Como o acesso ao treinamento das técnicas de natação é muito restrito, no Estado, tomar banho e fazer prática de natação ou estar em um barco sem o uso do colete salva-vidas é muito perigoso”, ressalta.
DIAS DA SEMANA
De acordo com estudo feito para conclusão do mestrado em Educação, das 650 mortes analisadas, 189 ocorreram no domingo e 116 no sábado, os dias com maior incidência de óbitos.
Quinta e sexta-feira aparecem com 65 registros cada, segunda-feira com 67 e quarta-feira com 68. Nas terças-feiras, foram contabilizados 80 casos.
Orientações de segurança para prevenir afogamentos:
NA PRAIA
- Nade sempre perto de um guarda-vidas
- Pergunte ao guarda-idas o melhor local para o banho de mar
- Não superestime sua capacidade de nadar – 46,6% dos afogados acham que sabem nadar
- Tenha sempre atenção com as crianças
- Nade longe de pedras, estacas ou píeres
- Evite ingerir bebidas alcoólicas antes do banho de mar
- Crianças perdidas: leve-as a um posto de guarda-vidas
- Mais de 80% dos afogamentos ocorrem em valas – local de maior correnteza do rio
- Nunca tente salvar alguém se você não estiver preparado para fazê-lo
- Ao pescar em pedras, observe se a onda pode alcançá-lo
- Antes de mergulhar no mar, verifique a profundidade
- Afaste-se de animais marinhos como águas-vivas e caravelas
NA PISCINA
- Crianças devem sempre estar sob a supervisão de um adulto
- Não permita o acesso à piscina para crianças desacompanhadas
- Caso você precise se afastar da piscina, leve a criança consigo
- Isole sua piscina. Tenha grades com altura de 1,50 metro e 12 centímetros entre as verticais. O portão de acesso deve possuir trava superior.
- Utilize ralos que evitam sugar o cabelo
- Evite deixar brinquedos próximos à piscina, isso atrai crianças
- Não pratique brincadeiras na água sem supervisão confiável
- Não utilize boias ou flutuadores. Prefira um colete salva-vidas
- Desligue o filtro da piscina em caso de uso
- Evite o choque térmico, antes de entrar na água, molhe a face e a nuca
- Cuidado ao mergulhar em local raso
- Não deixe crianças sozinhas em banheiras. Apenas 20 segundos são suficientes para uma tragédia.
EM RIOS, LAGOS E TANQUES
- Mantenha atenção constante nas crianças
- Evite mergulhar em lugar onde a profundidade seja desconhecida
- Prefira sempre águas rasas, acompanhado de alguém que saiba nadar
- Não superestime sua capacidade de nadar, tenha cuidado
- Não entre em rios de corredeira para atividades de banho ou natação
- Se entrar em represas, use colete salva-vidas
- Em embarcações, recomenda-se o uso de colete salva-vidas
- Ao conduzir embarcações é preciso habilidade e certificação compatíveis com o tamanho e respeitar a capacidade de passageiros
Fonte e Foto: Tatiane Bertolino-O Paraná / Enrique Alliana
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